O bode e o Sétimo Regimento...

Estamos vivendo episódios de sofrimento e angustia, que me parecem “plantados” ou engendrados, com intuito claro de fazer aparecer de repente, no ultimo minuto crucial, a figura de um “comissário do povo” para retirar o “bode da sala”, como se fosse o “Sétimo Regimento de Cavalaria”, que nos filmes do velho oeste americano, salvavam os caras-pálidas dos índios peles-vermelhas...

Nossa região, em particular, tem sido alvo de exemplos claros destas encenações cinematográficas e ficcionais, como por exemplo:

Ficção I - O episodio do aeroporto de Ilhéus, há muito tempo, reconhecidamente carente de obras e novos recursos técnicos, que irresponsavelmente não foram providenciados pelo governo desde que tragédias como em Congonhas, de ampla repercussão internacional, passaram a exigir um mínimo de atenção para problemas comuns de gravidade inquestionável. O que foi feito ? Absolutamente nada. De repente, colocam “o bode na sala” sob a forma de ameaça de interdição; o clamor publico se levanta e, certamente, diante a situação catastrófica para as necessidades locais e regionais, surgirá na “25ª hora”, um destes “comissários do povo”, como se fosse o “velho Sétimo”, para obter uma solução protelatória, salvadora do problema, após o desastre já consumado.

Ficção II - A mesma linha de ação, observa-se na problemática situação dos cacauicultores endividados. Espoliados em seu patrimônio e capacidade produtiva, pela desídia governamental ao longo dos últimos anos, estão sendo alvo de nova e mirabolante “solução”, sob a égide de uma trilogia ficcional: “PAC I – O plano”; PAC II – A negociação” e, a seguir, “PAC III – O retorno do pesadelo”...

Ficção III – Não é diferente o intrigante e emblemático problema do novo Fórum de Itabuna, solução protelada indefinidamente, por intrigas personalistas e cabulosas: “Fórum I – A armação”; “Forum II – O senhor dos terrenos”; e “Fórum III – Viagem ao passado”...

Ficção IV – E por que não lembrar da famigerada barragem do Rio Colônia, que “seria” solução para o abastecimento de água à cidade ? Volta e meia, nas campanhas eleitorais aparece na telinha: “Barragem I – A encenação”; “Barragem II – O ataque das hienas” (que criaram toda espécie de obstáculos para implementação de um projeto e liberação de verbas); e na atual campanha, “Barragem III – O retorno do projeto virtual”.

Ficção V – Saindo um pouco do plano regional, podemos recomendar outra trilogia digna de um fim de semana prolongado, com pipoca e refrigerante. Trata-se da crise energética, há pouco tratada como uma solução polêmica, pautada na alternativa dos bio-combustives, e que chegou a ser saudada e comemorada com pompas e circunstâncias: “Energia I – A invasão dos bio-combustiveis na produção de alimentos”; “Energia II – A redenção da mamona e da cana”; mas agora, converteu-se numa questão de “sorte”, como num “Golpe de Mestre” e temos novo episodio a ocupar as telas: “2.014 – A odisséia do pré-sal”...

Afora os exemplos citados, que poderiam ser multiplicados por outras tantas encenações espetaculosas e similares, o povo convive com explicações cínicas ou falta delas, a justificar, a paralisação de obras do Teatro e Centro de Convenções, por mera retaliação politica, o imbróglio que converteu o HBLEM em objeto de disputa politica e moeda de troca no curso do processo eleitoral, relegando a saúde da população a mero joguete. Como pano de fundo, programas sociais como o bolsa família e similares, retroagem à mecânica do “pão e circo” das arenas romanas, só restando que o Nero ateie fogo em Roma, para que São Pedro pergunte ao Cristo: “Quo vades Domine ?”

Cuidado: não comente este artigo pelo telefone, porque pode estar “grampeado”... O “Estado de Direito”, caminha a passos de ganso para um Estado policial.

Paulo Mendes – Economista.

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