“Graveto derruba panela...”

O dito popular, é mais conhecido em meio aos antigos tropeiros, que recolhiam garranchos e lenha para cozinhar seu feijão, durante as viagens, verdadeiras “comitivas” tangendo o gado pelas trilhas do passado. Também entre os “peões de obra”, que esquentam a bóia ao pé do serviço ou, ainda hoje, entre populações das áreas periféricas, que não têm acesso aos fogões à gás em seus barracos, e ainda recorrem à colheita de gravetos e restos de madeira, para preparar o “quase nada” de cada refeição.

Essa gente simples, ordeira, desprovida do discernimento acadêmico e do espírito critico, comum nas altas rodas culturais, constitui a grande massa do povo. Esse povo, dotado de uma “sabedoria popular” incomum, tem uma linguagem e forma de expressão, que desafiam os interpretes deles distanciados, que nas campanhas políticas, não conseguem transmitir ao povo, a confiança e credibilidade esperadas, pois o discurso, é impregnado de ideologismos utópicos, rancores pessoais, supostas e fantasiosas parcerias, promessas inverossímeis, que geralmente só ocultam sob o manto da desfaçatez, objetivos interesseiros e individualistas.

Pode parecer mera e incômoda reminiscência folclórica, dizer que, “é o graveto quem derruba panela”, mas, Itabuna conhece muito esta “verdade popular” do passado – na versão do “tostão contra o milhão” - e, a sentiu reafirmada na ultima mobilização protagonizada por aquele que antes parecia “um graveto”, diante a suposta robustez das “lucubrações pesquisitórias”, que antecederam a inesperada e surpreendente nova onda populista ou melhor, “azevedista”.

O evento do dezenove de setembro, nas ruas centrais de Itabuna, deixou embasbacados maquinadores que ainda insistem em tentar, o golpe da imposição de candidaturas, “goela abaixo” – do topo, para a base – sem se dar conta, que a “revolução”, começa na planície, onde estão os “gravetos”, mais próximos, mais acessíveis e que melhor se confundem com o povo, acostumado a contemplar “arvores frondosas” à distancia. Talvez até, arvores que há pouco tempo, ladeavam o povo, caminhando e cantando. Mas não se deram conta que, de repente se converteram em “elite”, cúpula de um poder distanciado da planície, por onde, o mesmo povo, caminhava e cantava para exorcizá-lo.

Ninguém em sã consciência, pode menosprezar, que doravante, a campanha eleitoral toma novos rumos, sob efeito de um fato novo. Que certamente, resultará em reflexões, desdobramentos, quiçá acordos e novos ajustes - é o universo insondável da política.

Mas espera-se que, seja qual for a proposta que venha chegar em vantagem à reta final das urnas, não subverta com vícios da politicagem esgarçada e insidiosa, a natural e singela disposição manifesta pela multidão.

Para tanto, havemos de ficar alertas, contra factoides e armações que tentem iludir o eleitorado; embora, a “sabedoria popular”, já se tenha levantado e caminhado, numa demonstração de “sempre alerta” aos inadimplentes da verdade.

Afinal, o obvio e honesto, a esperança acalentada, é que venhamos a eleger uma proposta para o povo; não uma facciosa traição que disfarce um mero projeto pessoal. E, as mirabolantes “estórias” contadas no horário eleitoral, em nada substituem a Historia construída pela determinação do povo. Nesta, o graveto pode derrubar a panela, porque é real na vida do povo.

Paulo Mendes - Economista

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