Persistindo nos erros

Mais uma vez a comunidade estudantil que se submete anualmente aos exames do ENEM, é surpreendida com uma sucessão de falhas envolvendo a elaboração e aplicação das respectivas provas.
No ultimo final de semana, ficaram patentes, erros na montagem das provas e falta de uma revisão adequada. Os problemas envolvem, ora as gráficas contratadas, ora o INEP (um órgão do MEC), responsável pela elaboração e aplicação das mesmas. Como resultante, no passado, já foram denunciadas ocorrências de vazamento de questões e outros problemas; no exame atual, haviam folhas repetidas, alunos não receberam todas as questões e, registrou-se ocorrência de gabarito de respostas incorretamente identificado. Acrescente-se o inusitado de um suposto repórter, ter postado na mídia, o tema da redação...
As situações que geram prejuízos de toda ordem para os candidatos, contribuem cada vez mais, para o descrédito acentuado de tais exames. E o pior: acentua os sintomas de incompetência da parte do MEC, para organizar e executar uma alternativa de avaliação de candidatos, cujos resultados, colocam em xeque a credibilidade e validade da metodologia. A justiça, por razões obvias, já suspendeu os exames. Espera-se que, a administração superior puna convenientemente, os responsáveis e envolvidos nessa nova e vergonhosa pasmaceira.
A educação no Brasil, indiscutivelmente, demanda um choque de gestão, para melhor qualifica-la. Os problemas detectados em todos os níveis, deságuam num IDH pífio e humilhante, quando comparado a outros países que já de longas datas, resolveram tratar a questão com a merecida seriedade e responsabilidade.
Volta e meia, recorre-se ao refugio da suposta falta de recursos, como alternativa para justificar nossas mazelas. O argumento torna-se falacioso e inconsistente de tão repetido. Melhor seria, avaliar e corrigir os imensos desperdícios de recursos, sem retorno correspondente, decorrentes da ma gestão e de falhas a essa altura imperdoáveis. Basta observar dois aspectos: de um lado, o dispêndio per capta com alunos da rede publica, que em alguns poucos casos chega a ser inferior ao de países mais ricos, no entanto, iguala ou ate supera o dispêndio médio de países que já atingiram níveis elevados de excelência nos seus programas educacionais. Na pratica, tem sido mais competentes e sabem gerenciar melhor seus recursos, ainda que restritos.
De outro lado, se compararmos o custo per capta mensal de alunos, em instituições da rede privada, com elevado nível de aproveitamento em vestibulares e outros concursos, com o custo per capta de alunos na rede publica, ineficiente e com sofríveis resultados, escancara-se uma aberração. Portanto, a questão não se resume a suposta falta de recursos que, obviamente, em muito ajudariam se fossem maiores, mas não representam causa determinante.
O problema crucial é de inegável incompetência na gestão, com raras e honrosas exceções, que implica não so no uso inadequado de recursos, como também, na aplicação de metodologias às vezes desastradas. A exemplo, os programas de “aprovação automática”, que carreiam para series seguintes, alunos totalmente inabilitados. E para corrigir gargalos futuros, acabam gerando idéias rocambolescas, para “inserir” alunos nas faculdades, via “sistemas de cotas” e “exames” periódicos, que acabam se convertendo em casos de policia.
A nova governante recém eleita, tem um grande desafio a enfrentar e superar: ou reconhece que a educação é uma coisa muito seria e imprescindível para alavancar nosso desenvolvimento, ou vamos continuar sofrendo as conseqüências, cada vez mais graves.

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