Continuar ou não...

Ultrapassada a barreira das eleições, temos uma governante eleita, interrompendo a sequencia de governantes que a antecederam. A campanha eleitoral, ao nosso ver, teve o inconveniente de um segundo turno, no qual, ânimos foram exaltados, e no resultado final, pode-se contemplar no mapa do Brasil, o contraste de um divisionismo marcante.
Penso que, a forma como esta campanha foi elaborada e executada, conduziu ambos lados a equívocos, que certamente emergirão nos dias que se seguirão. De um lado, o equivoco das oposições, que imaginaram poder alcançar êxito, simulando a possibilidade de garantir a continuidade do governo atual, a ponto de enaltecer o governante de plantão. Pecaram pela falta de propostas alternativas autenticas e, pela covardia em confrontar o adversário real. A falta de credibilidade que isso gerou, refletiu-se num incomodo índice de elevada rejeição do candidato, ao longo de toda a refrega.
De outro, o equivoco dos eleitores governistas, que foram induzidos a acreditar numa espécie de “Ctrl+C e Ctrl+V” do atual governo, para o novo governo. Tanto que, a propaganda não foi alem de enaltecer as realizações atuais, como se a repetição destas, fosse possível e suficiente. Em verdade, não nos foi apresentada plenamente, nenhuma proposta nova, capaz de vislumbrarmos o Brasil de amanhã. Estamos diante de incógnitas, tanto no que tange às reais pretensões da nova governante, quanto no que poderia ser a alternativa de eleger seu adversário.
Na duvida, o eleitorado cravou no “deixa como esta para ver como é que fica”, porque o cacife de popularidade e realizações do governante atual, era mais que suficiente. E sua candidata, por razões obvias, mereceu maior credibilidade.
Não é a primeira vez que o Brasil é governado por uma mulher. Nos idos tempos do Imperio, a Princesa Isabel substituiu com méritos, seu pai, em vários períodos e, nos legou a Abolição da Escravatura, um gesto que revolucionou a sociedade da época e, abriu caminhos para a proclamação da Republica.
Já nos primeiros momentos de eleita, a nova governante mudou o tom de seus pronunciamentos, fugindo aos “scripts marketizados” de campanha, deixou-nos algumas mensagens cifradas nas entrelinhas. Agradeceu de forma comovente ao seu patrocinador e afirmou que QUANDO precisar dele, batera à sua porta. Esse “QUANDO”, pode ser a senha, o “x” da questão, que representa alvíssaras de um novo estilo, quiça, um novo governo.
Ate porque, ao encerrar a campanha e após eleita, assegurou, que “não decepcionara as mulheres brasileiras”. Estas mesmas que, já execraram a figura do “cabeça do casal”, e se mostram competentes e independentes para conduzir suas vidas, sem precisar estar “à sombra” de pajens masculinos... Um bom sinal de que alguns “vírus” e “cookies” do passado, poderão ser “deletados”.
É o que se espera, na medida em que, o Pais precisa avançar muito no seu processo de renovações rumo a um melhor nível de desenvolvimento. Superar limitações e vencer barreiras, com inovações nos campos político, tributário, financeiro, social, educacional, saúde, segurança, infra-estrutura e, por ai vai.
Por exemplo, a propaganda eleitoral foi eficiente ao assegurar que o “Bolsa Familia” será ampliado. Mas na pratica, isso significa que cerca de 70 milhões de brasileiros estão à míngua, dependendo de irrisória ajuda para sobreviver. Se precisarmos amplia-lo, significa que outros milhões vão continuar “vegetando”, nesse submundo. O correto será reduzir o “Bolsa Familia”, à medida em que, um novo governo gerar condições de emprego e renda satisfatórios, a ponto de eliminarmos gradativamente esse incomodo e inoperante viés assistencialista.
Espera-se portanto, que o novo governo, fuja do script da propaganda eleitoral, eficiente, mas ilusorio.

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