Um premio à inconseqüência

Ficou patente na recente crise que afetou a economia mundial, a responsabilidade (ou seria irresponsabilidade?), do mercado financeiro, como núcleo central dos fatos que resultaram em conseqüências, algumas desastrosas, para vários agentes econômicos.
Para amenizar os seus efeitos ou adotar soluções emergenciais, a maioria dos governos viu-se obrigada a carrear para o setor financeiro, somas fabulosas de recursos e, implementar medidas adicionais corretivas dos rumos, que se mostravam ameaçadores.
No caso brasileiro, a situação não foi diferente, embora nossos governantes, mais preocupados em preservar sua imagem “eleitoral”, de um lado, tenham chegado ao cumulo de “minimizar a crise” e seus riscos potenciais, mas por outro, curvaram-se às demandas do mercado, carreando somas fabulosas para “oxigenar” as finanças – ou seja – inundaram bancos e financeiras ameaçadas com recursos públicos, temendo um desastre de proporções imensuráveis.
No mundo real da economia, aquele em que as pessoas comuns labutam no seu dia a dia, as conseqüências afetaram setores produtivos e a economia de muitas familias, com desemprego, queda na produção, prejuízos sob diversas formas - estes, certamente, não receberam nenhuma ajuda “providencial” para amenizar suas mazelas. Ate o próprio governo, foi afetado com a queda continuada de arrecadação.
Depois de ultrapassados os momentos cruciais da tormenta, felizmente, a economia como um todo, volta a dar sinais de recuperação, aqui e no exterior, mas, as seqüelas ainda se fazem sentir em alguns setores mais afetados. A prova evidente disso, esta estampada nos postos de trabalho perdidos ate então, cumulando problemas pessoais e sociais, nas empresas que não resistiram aos abalos, no atraso de projetos e obras, enfim, tivemos um custo financeiro e econômico, que a mídia não tem abordado adequadamente e, o governo, nos seus delírios e propaganda megalomaníaca, busca esconder a todo custo. Afinal, nem bem começamos a superar as mazelas da crise e, já mergulhamos num ano eleitoral, período no qual, as “fantasias políticas”, superam em muito a arte maior dos carnavalescos.
Bem a propósito, chamou-me atenção nos últimos dias alguns dados que navegam pelos espaços virtuais da “Internet”:
Primeiro caso – A economia brasileira, na fase pré-crise, avançava num ritmo de recuperação chegando a atingir nível de crescimento superior a 5% em 2008; analistas projetavam taxas de crescimento de ate 7% em 2009. Com os rigores da crise, amargamos quedas no PIB já a partir do final de 2008 e, o resultado do ano de 2009, já confirmados resultados negativos em alguns setores, poderá quando muito, espelhar uma estagnação ou um crescimento raquítico. Em termos práticos, isto significa um “atraso” significativo, porque a economia não tem como recuperar esse tempo perdido; a economia, e as pessoas que nela vivem.
Segundo caso – Apesar da “crise”, um determinado banco, apresentou crescimento de 40,8% no seu lucro liquido, na comparação entre 2009 e 2008. As receitas desse banco, cresceram apenas 19,6% e, paralelamente, a carteira de credito, cresceu apenas 1,7%... Estamos diante de verdadeiro “milagre da multiplicação”, onde a crise, acabou por premiar o setor responsável por ela.
Trocando em miúdos, o governo, nos bastidores insondáveis da sua política econômica, adotou uma estranha e esdrúxula “política social”, na qual, contribuiu com bilhões de nossas reservas e recursos publicos, para “socializar os prejuízos da crise”, enquanto “privatizava ” lucros exorbitantes.
Ou estou errado... como diria o Datena ?
Paulo Mendes – Economista

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