Um vazio de cidadania.

Perdemos o Sean Goldman. O Brasil, perdeu uma oportunidade de valorizar e defender um seu cidadão.

É claro que, à luz dos intrincados meandros do direito internacional, ate onde consigo chegar com modestos conhecimentos, parece-me que a decisão exarada pela justiça recentemente, de um lado, representou uma solução coerente para um conflito familiar e de outro, promoveu correção técnica de um problema diplomático, ensejador de criticas e farpas.

Compreende-se que, um filho de uma cidadã brasileira, nascido nos limites territoriais de outra Nação, e para aqui trazido em circunstancias eivadas de ilicitude, deva retornar à guarda do seu pai biológico, principalmente na ausência da mãe biológica, recentemente falecida. Há normas que assim orientam e, a justiça brasileira, pautou-se nos limites da correção, em obediência aos ditames legais.

Por conta desse ordenamento normativo, não haveriam reparações a fazer. Há contudo, um aspecto a descortinar o viés confuso e lastimável, da postura dos nossos dirigentes, em especial, nosso Presidente e nosso Ministro da Justiça, que, aquietaram-se na inércia e inoperância, diante caso que envolvia um cidadão brasileiro – malgrado a condição de dupla nacionalidade.

É lamentável que estes senhores mandatários, em casos recentes envolvendo a perspectiva de restituição de pessoas a seus paises de origem, tenham sido tão contundentes e comprometidos, na defesa da permanência em nosso território, quando em se tratando de indivíduos envolvidos com crimes e terrorismo.

A lastimar, o vazio de coerência e compromisso com a cidadania, quando se tratou de uma criança inocente, que, talvez ate representasse a possibilidade de no futuro, converter-se numa personalidade importante e operosa, em prol de nossos interesses pátrios. Ou ao menos, um cidadão comum, mas com uma ficha criminal limpa e decente.

Torna-se indisfarçável reconhecer que, houve descaso, desinteresse, covardia para enfrentar a questão, certamente porque, o caso singular de uma “criança inocente”, não representa moeda de troca valorizada no tumultuado jogo político ou, não contribuiria em nada, no terreno das lucubrações e pactuações ideológicas.

Fato é, que a cidadania brasileira, no episodio, ficou órfã, porque faltou fibra, coragem e determinação aos nossos dirigentes, para somar esforços numa luta que envolvia também e principalmente, aspectos diplomáticos.

Perdeu-se uma oportunidade impar, de mostrar coerência na defesa de “princípios” e “dogmas ideológicos”, na defesa da liberdade do cidadão, que, obviamente, não se aplicavam à figura inocente do Sean, cujo pecado maior, foi nunca ter construído uma carreira no banditismo, ou no sanguinário terrorismo, travestido de “crime político”.

Perdemos o Sean. Nosso natal ficou um pouco triste, assim como o de sua família brasileira.

Os nossos “santos milagreiros”, foram um verdadeiro fiasco diplomático. O Brasil ficou menor perante a comunidade internacional.

Paulo Mendes – Economista.

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