Itabuna quase centenária




Ao comemorar mais um ano na condição de cidade emancipada politicamente, Itabuna aproxima-se do seu centenário. Ao longo desse tempo, vivenciou uma historia rica em experiências, apesar de sucessivas crises que abalaram a região.
Coincidentemente neste ano, estaremos elegendo a nova administração municipal, que terá os encargos de comemorar a efeméride, mas também, de desenvolver um trabalho voltado à prospecção de suas potencialidades, para consolidar sua verdadeira vocação de pólo econômico regional.
Até recentemente, a economia do cacau foi o grande motor do seu desenvolvimento. Contribuiu inegavelmente para dotá-la de uma infra-estrutura econômica e de serviços, que não pode ser menosprezada, porque, ainda representa um dos suportes, embora outras vertentes de atividades de diversificação, venham no presente somar-se, mantendo perspectivas positivas que precisam ser melhor exploradas.
A Itabuna de hoje, converteu-se num pólo educacional, formando profissionais de áreas diversas, que gradativamente integram-se ao processo produtivo; concentra uma ampla estrutura de serviços de saúde, revitalizada pelas novas perspectivas trazidas com a implantação do curso de Medicina na UESC; o seu comércio varejista dá passos importantes em direção à especialização, com a consolidação do inovador projeto do Shopping Center Jequitibá, um sucesso crescente, que em conseqüência incentivou o projeto a céu aberto da Paulino Vieira.
Paralelamente, a cidade que tradicionalmente representava alternativa de residência, atraindo populações de outras áreas urbanas da região, as quais, também na condição de população flutuante, destinavam-se a Itabuna, como centro comercial e de serviços alternativo, manteve esta condição. O que explica por exemplo, o novo “boom” imobiliário. Embora não dispondo de características “turísticas” tradicionais, a cidade revelou-se, um centro de hospedagem de viajantes, representantes comerciais, empresários, que sempre buscaram suas instalações hoteleiras, restaurantes, rede bancaria, e de serviços comerciais. Itabuna já conta também, com um pólo industrial, cujas perspectivas de crescimento e diversificação, mostram-se promissoras.
Em grande parte, seu progresso contínuo, deveu-se à localização estratégica, num entroncamento de ligação entre duas grandes malhas rodoviárias do Pais: a BR 101, a velha Rio-Bahia, interligadas pela BR 415; a proximidade de um porto e um aeroporto em Ilhéus – fatores que em muito contribuem para a logística de vários empreendimentos locais.
O que faltaria a Itabuna, para alcançar melhor impulso desenvolvimentista? Certamente, esta a questão que deve ou deveria preocupar os novos pretendentes à administração Municipal.
Considerando que a cidade já revelou nos últimos anos, suas “vocações” mais expressivas, não é difícil enxergar que a maior parte de seus problemas, está na necessidade de revolucionar sua infra-estrutura de serviços, tanto no setor público, quanto no setor privado. Vide o exemplo do Shopping Center. À época de sua implantação, chegou a ser visto como “projeto faraônico”, inadequado, sem grande futuro. Hoje, é um exemplo, modelo de inspiração para projetos também desafiadores que a cidade requer: equipamentos com estrutura moderna e um ambiente mais saudável, confortável e seguro.
A nova administração precisa ousar mais; revitalizar e transformar o sistema viário; dotar a cidade de meios de transporte mais eficazes; resolver em definitivo o traumático problema de abastecimento de água; construir por exemplo, uma passarela sobre o Rio Cachoeira, duplicar e urbanizar aquele horrível trecho da saída para Ilhéus, como já foi feito na Avenida J. S. Pinheiro (ou ACM); completar a cobertura do canal da Av. Amélia Amado, para resolver o trafego naquele trecho; melhorar a segurança dos cidadãos; estender a bairros periféricos vias asfaltadas e melhor urbanizadas, visando desafogar a concentração hoje existente na área central da cidade.
Não podemos por exemplo, continuar contemplando “esqueletos” de um Centro de Convenções e um Teatro Municipal, inacabados por conta de picuinhas políticas. Os dois equipamentos são indispensáveis, necessários e condizentes com as “vocações” da cidade. As mesmas picuinhas que entravam a edificação do novo fórum ou a construção de nova Estação Rodoviária, em área mais ampla e modernizada; obras retardadas, por individualismos políticos mais retardados ainda. Investir no saneamento básico; renovar e ampliar a rede de esgotos sanitários, desenvolvendo um projeto de tratamento adequado, aliado à revitalização do Rio Cachoeira e concretizar o projeto de um aterro sanitário condizente.
Nesse contexto, vislumbro a idéia de construção de novo aeroporto para atender pousos e decolagens de aeronaves de pequeno e médio portes; a área do atual aeroporto, inadequada para o fim a que se destinava e comprometida pela falta de manutenção, deveria ser destinada a um projeto de urbanização, ou quem sabe, um “porto seco” já reclamado para atender à logística de armazenagem e distribuição de mercadorias.
No campo econômico, há alternativas que se somariam aos empreendimentos existentes, dependendo de participação das esferas Estadual e Federal de governo, que não precisam ser condicionadas a esta ou aquela “relação de compadrio” ou submissão partidária, porque vivemos num regime Federativo e a Constituição já disciplina as relações entre Município e demais entes Federativos:
a) consolidar uma solução viável para o problemático endividamento da lavoura cacaueira, com a liberação de novas linhas de credito necessárias para revitalizar a lavoura deste e outros produtos, e ampliar as opções na área da pecuária (problema que afeta a cidade e a Região como um todo);
b) revitalizar o Parque de Exposições, viabilizando a retomada de exposições e feiras, importantes para a ampliação e modernização do agronegócio na Região (agricultura, pecuária e agroindústria);
c) atrair novas industrias, que venham ampliar o complexo já instalado, oportunizando novas perspectivas de emprego;
d) ampliar os centros de formação de mão de obra técnica e comercial, para dotar as empresas de melhor qualificação nos serviços;
e) assegurar para a cidade, um pólo de distribuição de gás, de uso comercial e industrial, somando-se ao já instalado pólo de combustíveis.
Como se vê, há caminhos e soluções a trilhar, para o desenvolvimento e progresso desta cidade, que apesar das crises sofridas nos últimos anos, mantém sua vocação de importante pólo regional.

Paulo Mendes – Economista.

Comentários

Anônimo disse…
Bom dia

Gostaria de saber onde encontro maiores informações para incentivos fiscais para indústria na cidade de Itabuna, pois li no site do Banco do Nordeste que a cidade oferece incentivos como Isenção de tributos municipais, pelo período de até 20 anos, doação de terrenos. No aguardo. Atenciosamente, Adrieli Pereira

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