A liturgia do cargo
Apesar de tantas mazelas políticas, o Brasil tem vivido momentos especiais, ainda que raros, que espelham a grandeza no exercício de cargos públicos. Foi por exemplo, o que aconteceu na transmissão de cargo, do ex-Presidente FHC, para o atual, Luis Inácio.
A sociedade pode contemplar, serenidade e brilho, no encontro civilizado de dois cidadãos que, antes de chegar ao mais alto posto da política nacional, pugnaram, cada um ao seu tempo e estilo, pela normalidade democrática e retorno pacifico ao Estado de Direito. Um momento, que deveria servir de parâmetro, diretriz, aos tempos seguintes, porque, entre outras coisas, ambos, proclamaram em suas trajetórias, o ideal de uma Nação unida, pacifica, ordeira. Razões que certamente, motivaram à época, ao sucessor, proferir amplos elogios e referencias à postura democrática e meridiana do sucedido, principalmente no curso da disputada campanha eleitoral. O respeito, à seria e compromissada liturgia do cargo, haveria de motivar e sensibilizar o sucessor?
Lamentavelmente, já no limiar do seu mandato, o novo Presidente, desandou a proferir maledicências contra seu antecessor, atribuindo-lhe uma suposta “herança maldita”, a qual, jamais se dispôs explicitar ou estabelecer providencias objetivas para erradicar. Contrariando o discurso difamatório, apegou-se aos fundamentos de política econômica precedentes, a ponto de entregar a direção do BC, órgão diretamente relacionado às bases das políticas publicas, a um egresso das hostes de banqueiros, alvo predileto de sua militância partidária, à qual atribuíam todas as piores mazelas da economia nacional.
Não que o currículo louvável do personagem, trouxesse qualquer constrangimento à escolha, por competência e experiência. Mas, pela radical “aversão” de antanho, esperava-se que, brotasse do seio partidário alguém talhado ao cargo. Talvez, competência e confiabilidade, tenham sido aspectos auto-excludentes... E prevaleceu a maxima popular, “quem desdenha, quer comprar...”. Talvez tambem, o modismo paradoxal do “principio da governabilidade”, explique esta e outras alianças ainda mais esdrúxulas, que se seguiram...
Num resumo da opera, ao longo do tempo, contradições ideológicas, “heranças malditas”, bandeiras da ética e moralidade substituídas pelo aconchego propiciado pelo companheirismo paternalista, somaram-se a um populismo exacerbado e eficiente marketing político, para produzir como resultante, elevados índices de popularidade.
O mandato reprisado, trouxe realizações e resultantes positivas, à medida que amplificava a popularidade do mandatário, sinalizando uma perspectiva favorável à permanência do mesmo partido político, na atual campanha.
Esperava-se nestas circunstancias, uma postura serena e pacifica do Presidente, que afinal, capitalizara um considerável patrimônio político-eleitoral, que poderia servir de moldura, à liderança populista, a ponto de arrogar a si, a escolha isolada de uma sucessora, apesar dos murmúrios e verberações antagônicas, no próprio ambiente partidário.
Mais uma vez, a eficiência e artificialidade do marketerismo político, viria a moldar uma imagem, capaz de superar resistências internas e fazer espraiar a idéia central do continuísmo. Tudo levava a crer que, a eleição se converteria em “favas contadas”, um mero e formal “plebiscito”, a ser superado já no primeiro turno.
Fatos e circunstancias lamentáveis no curso da campanha, levaram a dissipar-se a onda apoteótica de um final de mandato, frustrando de forma inesperada, os planos de êxito antecipado. A empreitada, converteu-se momentaneamente, numa corrida de obstáculos, onde “céu e terra” pareciam conspirar e o “sobrenatural de Almeida”, como diria o Stanislaw, desenhava novos cenários difusos e imprevisíveis.
O Presidente, que já de longas datas despojara-se da “liturgia do cargo”, convertendo-se ora no “provedor exclusivo de votos” à candidata, ora num luxuriante e fanático cabo eleitoral, passa a adotar posturas agressivas e ate violentas contra os adversários, a ponto de proferir ameaças de “deleta-los” da política, em atos públicos, como se fosse um incendiário a jogar gasolina na fogueira ou um desesperado diante ameaças de sonhos frustrados. Uma postura muito distante e oposta, àquela meridiana e democrática que reconhecera e elogiara no seu antecessor. Parece ter sido contaminado pelo vírus da “poderite aguda”... Ainda bem, que num final de mandato.Seja qual for o sucessor ou sucessora, para o bem do Pais, espera-se que o mal exemplo não prospere.
A sociedade pode contemplar, serenidade e brilho, no encontro civilizado de dois cidadãos que, antes de chegar ao mais alto posto da política nacional, pugnaram, cada um ao seu tempo e estilo, pela normalidade democrática e retorno pacifico ao Estado de Direito. Um momento, que deveria servir de parâmetro, diretriz, aos tempos seguintes, porque, entre outras coisas, ambos, proclamaram em suas trajetórias, o ideal de uma Nação unida, pacifica, ordeira. Razões que certamente, motivaram à época, ao sucessor, proferir amplos elogios e referencias à postura democrática e meridiana do sucedido, principalmente no curso da disputada campanha eleitoral. O respeito, à seria e compromissada liturgia do cargo, haveria de motivar e sensibilizar o sucessor?
Lamentavelmente, já no limiar do seu mandato, o novo Presidente, desandou a proferir maledicências contra seu antecessor, atribuindo-lhe uma suposta “herança maldita”, a qual, jamais se dispôs explicitar ou estabelecer providencias objetivas para erradicar. Contrariando o discurso difamatório, apegou-se aos fundamentos de política econômica precedentes, a ponto de entregar a direção do BC, órgão diretamente relacionado às bases das políticas publicas, a um egresso das hostes de banqueiros, alvo predileto de sua militância partidária, à qual atribuíam todas as piores mazelas da economia nacional.
Não que o currículo louvável do personagem, trouxesse qualquer constrangimento à escolha, por competência e experiência. Mas, pela radical “aversão” de antanho, esperava-se que, brotasse do seio partidário alguém talhado ao cargo. Talvez, competência e confiabilidade, tenham sido aspectos auto-excludentes... E prevaleceu a maxima popular, “quem desdenha, quer comprar...”. Talvez tambem, o modismo paradoxal do “principio da governabilidade”, explique esta e outras alianças ainda mais esdrúxulas, que se seguiram...
Num resumo da opera, ao longo do tempo, contradições ideológicas, “heranças malditas”, bandeiras da ética e moralidade substituídas pelo aconchego propiciado pelo companheirismo paternalista, somaram-se a um populismo exacerbado e eficiente marketing político, para produzir como resultante, elevados índices de popularidade.
O mandato reprisado, trouxe realizações e resultantes positivas, à medida que amplificava a popularidade do mandatário, sinalizando uma perspectiva favorável à permanência do mesmo partido político, na atual campanha.
Esperava-se nestas circunstancias, uma postura serena e pacifica do Presidente, que afinal, capitalizara um considerável patrimônio político-eleitoral, que poderia servir de moldura, à liderança populista, a ponto de arrogar a si, a escolha isolada de uma sucessora, apesar dos murmúrios e verberações antagônicas, no próprio ambiente partidário.
Mais uma vez, a eficiência e artificialidade do marketerismo político, viria a moldar uma imagem, capaz de superar resistências internas e fazer espraiar a idéia central do continuísmo. Tudo levava a crer que, a eleição se converteria em “favas contadas”, um mero e formal “plebiscito”, a ser superado já no primeiro turno.
Fatos e circunstancias lamentáveis no curso da campanha, levaram a dissipar-se a onda apoteótica de um final de mandato, frustrando de forma inesperada, os planos de êxito antecipado. A empreitada, converteu-se momentaneamente, numa corrida de obstáculos, onde “céu e terra” pareciam conspirar e o “sobrenatural de Almeida”, como diria o Stanislaw, desenhava novos cenários difusos e imprevisíveis.
O Presidente, que já de longas datas despojara-se da “liturgia do cargo”, convertendo-se ora no “provedor exclusivo de votos” à candidata, ora num luxuriante e fanático cabo eleitoral, passa a adotar posturas agressivas e ate violentas contra os adversários, a ponto de proferir ameaças de “deleta-los” da política, em atos públicos, como se fosse um incendiário a jogar gasolina na fogueira ou um desesperado diante ameaças de sonhos frustrados. Uma postura muito distante e oposta, àquela meridiana e democrática que reconhecera e elogiara no seu antecessor. Parece ter sido contaminado pelo vírus da “poderite aguda”... Ainda bem, que num final de mandato.Seja qual for o sucessor ou sucessora, para o bem do Pais, espera-se que o mal exemplo não prospere.
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