Procurando o personagem...

Não passou despercebido e está a merecer condenações, o ridículo episodio da foto-montagem, que “insinuava” uma suposta participação da candidata do Presidente, na famosa Passeata dos Cem Mil – um indisfarçável truque de ilusionismo – enquanto a personagem real, estava muito distante dali, sabe-se Deus onde, e cumprindo quais “missões heroicas”. Pelo andar da carruagem, se na mesma toada, resolverem colocar no seu site, umas fotos de “momentos de lazer na praia”, corremos o risco de ver fotos da celebre seqüência de Norma Bengell, no filme “Os cafajestes”, primeiro filme brasileiro a exibir cenas de nudez explicita, dirigido por Ruy Guerra e, recordista de bilheterias no inicio da década de 60...
Cabe ressalvar que, o filme de 1962, foi anterior às lutas contra a ditadura. Mas, nem por isso, deixou de retratar uma “forma alternativa”, de confronto com a “dita dura...” (desculpem, o trocadilho infame...). Algo do tipo, “make love, not war”, também em voga naqueles tempos.
Seria uma “cafajestagem” inominável, e não se deve imaginar que chegariam a tanto, mas, pelos precedentes, tudo pode acontecer numa disputa eleitoral... Se no passado, um mero currículo estampado em ambiente acadêmico, foi “emprenhado” de títulos acadêmicos fantasiosos, ate hoje não se sabe com quais objetivos mórbidos, o que poderemos esperar da criatividade teatral, contida neste site?
Realmente, a campanha eleitoral que já nos revelou episódios estapafúrdios, promete inovações e criatividade inusitadas. Ainda estamos no começo e, já temos parâmetros preocupantes.
A Internet, como meio de comunicação de massa, disponibiliza tecnologias avançadas, mas é ainda um ambiente árido, menos familiar, para os políticos pouco afeitos a esses novos mecanismos. É muito diferente de um tradicional palanque na praça, onde o candidato vomita “palavras ao vento”, e pouco se podia guardar do evento.
Na Internet, é diferente. Os registros, mensagens, fotos, são mantidos e podem ser capturados a qualquer momento, por qualquer um de um seleto publico, ávido por capturar idiossincrasias politicas. Não custa lembrar o famoso provérbio latino: “Verba volant, scripta manent” – as palavras voam, os escritos ficam. E é nesse “ficar”, que reside o problema: porque, qualquer um, pode depois, checar a veracidade, a fidelidade, a confiabilidade do dito ou exibido.
E, se pega na mentira, o “blogueiro”, “twiteiro” ou “siteiro”, sua imagem sofre os abalos e as criticas inexoráveis. Não é à toa que, jornais, revistas, sites, blogs, twiters, Brasil à fora, deitaram falação sobre o ridículo episodio da foto-montagem, nos últimos dias.
A missão dos “marketeiros” que assessoram candidatos, será árdua nesta campanha, porque terão de “construir” personagens, num ambiente virtual dessa nova mídia. O desafio, difere em muito, das tradicionais maquiagens ou treinamentos gestuais e de palavreado populista, que embasaram campanhas passadas.
Em alguns casos, a “reconstrução” requer verdadeiros milagres de transformação, porque o candidato ou candidata, buscam mostrar-se ao publico, travestidos de “anjos bondosos”. Nessa procura pelo “personagem” agradável, e que atraia o eleitorado, a TV e a Internet, associadas, podem contribuir para divulgação de um personagem adequado ao eleitorado, despertando-lhe confiança, credibilidade, esperanças. Mas, se mal utilizadas, de forma rasteira, equivocada, podem transmitir a idéia de um personagem trapalhão, envolvido em tramóias e armações para iludir o eleitor.
Daí o risco de, ao se tentar construir um personagem de “herói” ou “heroína” artificial, usando de ridículas artimanhas e ilusionismos, podem estar evocando a imagem de um “Pedro Malasartes”, o trapalhão enganador das piadas de botecos no interior.

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