Reflexões sobre um projeto
Discussões à parte sobre viabilidade, impactos ambientais, localização, recursos, e outros aspectos, preocupa-me a maneira como autoridades políticas regionais, estaduais e nacionais, manifestam-se sobre a possível implantação de grandes projetos, em nossa região e, Pais afora. Em algumas oportunidades, chegam ao “êxtase”, ao anunciar somente benefícios e vantagens de qualquer empreendimento, sem manter sequer, coerência em relação a quantitativos e indicadores, cujas fontes, são no mais das vezes, ilusórias.
No momento em que se discute um grande projeto multi-modal (o Porto Sul) que, englobara obras faraônicas, envolvendo porto, ferrovia, aeroporto e outros equipamentos, lembro o exemplo da famigerada “Ferrovia do Aço”, que em meados dos anos 70, ligaria Belo Horizonte a São Paulo Barra Mansa (RJ), destinada a facilitar abastecimento de minério de ferro para as principais usinas siderurgicas do Brasil e, seria a “Ferrovia dos mil dias”, porque sua conclusão era prevista neste prazo.
Questionava-se à época que, os bilhões de dólares gastos na Ferrovia do Aço poderiam ser empregados em outros projetos prioritários, pois dos pareceres do IPEA sobre a Ferrovia do Aço nenhum deles foi favorável à construção dessa obra, iniciada à revelia de técnicos e economistas importantes.
Somente 5.098 dias após varias paralisações por falta de recursos, mudanças e simplificações de traçados, alteração de bitola e outros aspectos tecnicos, uma parte alternativa do projeto seria concluída, ligando Jeceaba (MG) a Barra Mansa (RJ). Pelo menos, US$ 250 milhões em equipamentos comprados da Inglaterra, restavam estocados em um armazém na cidade paulista de Cruzeiro. Entre eles estavam 35 locomotivas desmontadas, 600 toneladas de cobre puro e milhões de arruelas, rebites, grampos, roldanas e polias. Somem-se a estes desperdícios, centenas de quilômetros de trechos abertos e abandonados, alem de várias obras de arte (túneis, viadutos, e outras), que chegaram a ser edificadas total ou parcialmente e hoje, quedam abandonados em lugares ermos.
Tudo isto somado, aos milhões de dólares pagos ou ainda devidos pela contratação de financiamentos, projetos, assessorias técnicas, alem das perdas imensuráveis para o desenvolvimento do Pais, decorrentes dos atrasos contínuos na conclusão da obra. Paralelamente, há que se considerar ainda, os infortúnios e prejuízos ocasionados a empresários e o próprio governo, relativos a empreendimentos paralelos ligados ao dito Projeto; alguns, jamais se consumariam. Não custa lembrar também, o exemplo negativo da tão propalada “Ferrovia Norte-Sul”, um grande projeto que ainda se encontra distante da realidade plena e, ate já foi “esquecido”.
A proposito do projeto em tela, lembro os anúncios jactanciosos de “mais de 10.000 empregos diretos”, a ser criados, segundo as primeiras verberações, logo reduzidos para 4.000 e hoje, estimados em cerca de 500...
Diante propostas desta natureza, há que se manter coerência, ter consciência critica e, não transforma-lo numa “panacéia redentora”, como se o projeto em si, fosse alternativa única e mais recomendável para alavancar a retomada do desenvolvimento regional, após a crise na monocultura cacaueira.
Sem duvidas, há interesses políticos e empresariais em jogo. Estes, por si so, não constituem fator impeditivo, porque “o interesse”, é mola propulsora de qualquer empreendimento. Sem ele, fatalmente não haveriam motivações, criatividade nem sequer projetos. Necessário se faz entretanto, pautar as discussões e promessas, em realidades factíveis, quantificações sensatas, para que as idéias, não sejam confundidas com promessas ilusórias. – Paulo Mendes - Economista
No momento em que se discute um grande projeto multi-modal (o Porto Sul) que, englobara obras faraônicas, envolvendo porto, ferrovia, aeroporto e outros equipamentos, lembro o exemplo da famigerada “Ferrovia do Aço”, que em meados dos anos 70, ligaria Belo Horizonte a São Paulo Barra Mansa (RJ), destinada a facilitar abastecimento de minério de ferro para as principais usinas siderurgicas do Brasil e, seria a “Ferrovia dos mil dias”, porque sua conclusão era prevista neste prazo.
Questionava-se à época que, os bilhões de dólares gastos na Ferrovia do Aço poderiam ser empregados em outros projetos prioritários, pois dos pareceres do IPEA sobre a Ferrovia do Aço nenhum deles foi favorável à construção dessa obra, iniciada à revelia de técnicos e economistas importantes.
Somente 5.098 dias após varias paralisações por falta de recursos, mudanças e simplificações de traçados, alteração de bitola e outros aspectos tecnicos, uma parte alternativa do projeto seria concluída, ligando Jeceaba (MG) a Barra Mansa (RJ). Pelo menos, US$ 250 milhões em equipamentos comprados da Inglaterra, restavam estocados em um armazém na cidade paulista de Cruzeiro. Entre eles estavam 35 locomotivas desmontadas, 600 toneladas de cobre puro e milhões de arruelas, rebites, grampos, roldanas e polias. Somem-se a estes desperdícios, centenas de quilômetros de trechos abertos e abandonados, alem de várias obras de arte (túneis, viadutos, e outras), que chegaram a ser edificadas total ou parcialmente e hoje, quedam abandonados em lugares ermos.
Tudo isto somado, aos milhões de dólares pagos ou ainda devidos pela contratação de financiamentos, projetos, assessorias técnicas, alem das perdas imensuráveis para o desenvolvimento do Pais, decorrentes dos atrasos contínuos na conclusão da obra. Paralelamente, há que se considerar ainda, os infortúnios e prejuízos ocasionados a empresários e o próprio governo, relativos a empreendimentos paralelos ligados ao dito Projeto; alguns, jamais se consumariam. Não custa lembrar também, o exemplo negativo da tão propalada “Ferrovia Norte-Sul”, um grande projeto que ainda se encontra distante da realidade plena e, ate já foi “esquecido”.
A proposito do projeto em tela, lembro os anúncios jactanciosos de “mais de 10.000 empregos diretos”, a ser criados, segundo as primeiras verberações, logo reduzidos para 4.000 e hoje, estimados em cerca de 500...
Diante propostas desta natureza, há que se manter coerência, ter consciência critica e, não transforma-lo numa “panacéia redentora”, como se o projeto em si, fosse alternativa única e mais recomendável para alavancar a retomada do desenvolvimento regional, após a crise na monocultura cacaueira.
Sem duvidas, há interesses políticos e empresariais em jogo. Estes, por si so, não constituem fator impeditivo, porque “o interesse”, é mola propulsora de qualquer empreendimento. Sem ele, fatalmente não haveriam motivações, criatividade nem sequer projetos. Necessário se faz entretanto, pautar as discussões e promessas, em realidades factíveis, quantificações sensatas, para que as idéias, não sejam confundidas com promessas ilusórias. – Paulo Mendes - Economista
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