A crise se agrava

A mídia desancou criticas contra o filme do “Filho do Brasil”, por considera-lo fantasioso, artificial, mal interpretado e sugerir propaganda eleitoral, num ano de eleições que se avizinham difíceis. Os resultados esperados de bilheteria, estão muito aquém do esperado. Enquanto isso, nos EUA, o filme de “Alice no Pais das Maravilhas”, bate recordes e, desponta como novo fenômeno de arrecadação. Coloca em duvida, se os supostos “marqueteiros”, não teriam errado na escolha do filme...
Bem a propósito, enquanto insistem em retratar o Pais como uma “ilha da fantasia”, chega-se ao despautério de comemorar uma queda de 0,2% no PIB de 2.009, como “estrondoso sucesso...”. Os apopleticos argumentos que visam nos iludir, com a hipotese do “poderia ser pior”, escondem a disfarçada incompetência de gestores, que não souberam aproveitar a oportunidade, para abrir novos horizontes à nossa economia. Muito diferente por exemplo, do que aconteceu à China, Índia e Indonésia, paises cujas economias ate recentemente eram tratadas como atrasadas, “de 3º mundo”, e exibiram agora crescimentos de 8,7%, 5,6% e 4,5% respectivamente.
Mas, a crise que me parece crucial no quadro atual interno, não se refere propriamente à economia. Esta, ao menos, sinalizando aspectos positivos de recuperação. A crise mais grave que se alastra, afeta os princípios, a decência, a moralidade, a educação, enfim, as bases de uma sociedade que pretenda elevar-se à condição esperada de culturalmente avançada e desenvolvida.
Espraia-se pelo tecido social, sob a forma de rebeldia contra normas de conduta, e como agravante, tem na classe política e em boa parte de nossos gestores e autoridades, acolhida, cumplicidade e exemplos negativos.
Seria redundância citar os escândalos de corrupção, como exemplo de nossos males, desde quando, repetitivos e impunes. Refiro-me a posturas do cotidiano, de cidadãos comuns, que não respeitam normas de transito, “lei seca”, desarmamento, restrições de toda ordem, que convertem nosso dia a dia, num cenário de violências e agressividade. Refiro-me aos parlamentares, que ousam aprovar vantagens pessoais vergonhosas, enquanto aprovam aberrações legislativas. Aos maus políticos e gestores, que insistem em ludibriar a boa fé dos cidadãos, prometendo projetos artificiosos e ate inaugurando “pedras fundamentais”, em campanhas regadas a dinheiros públicos. Às obras inacabadas, e estatísticas que vilipendiam verdades inquestionáveis. Ao caos na saúde, nos transportes, na educação, na segurança, e outros serviços públicos essenciais. Ao crescimento vertiginoso de vitimas fatais por assaltos, acidentes, falta de assistência. Ao descalabro em que se converteu a previdência e à situação vexatória de aposentados, deficientes, crianças, relegados à subcondição de abandono, apesar de tantos “Estatutos” a lhes acenar uma ilusória condição de decência. E a justiça, que não ouve clamores? O que dizer de grupos ativistas, à margem da sociedade organizada e financiados com polpudas verbas publicas, travestidos de “movimentos sociais e de minorias”, a atravancar nossa paz social, com invasões de propriedades, destruição de equipamentos, produções, imóveis, agressões e crimes de morte? Uma guerra civil “não declarada”?
E a postura enigmática e às vezes atabalhoada de nossos representantes perante a comunidade internacional, a verberar despautérios, ofensas à dignidade humana, mergulhados em compromissos obscuros com ditadores (dantes tão execrados), como alternativa para espelhar à “platéia interna”, a suposta e risível imagem de “independência”?
Nenhuma sociedade no mundo, evoluiu, se tornou uma potencia, e mereceu respeito da comunidade internacional, sem um encadeamento lógico e preciso de sua ideologia e principios. Vivemos uma crise de cidadania, que se agrava e se converte em mera luta pelo poder. Pura e simplesmente. – Paulo Mendes – Economista

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