O pesadelo eleitoral

Mais uma vez, ingressamos na reta final de campanhas eleitorais no Brasil. O passado recente e os dias atuais, revelam as idiossincrasias e malabarismos de que são capazes, candidatos e candidatas a qualquer cargo eletivo, na difícil missão de atrair e convencer o eleitorado.
Vamos ter que aturar cenas insólitas de candidatos montando jegues, comendo buchadas ou fazendo omelete na TV, inaugurando “pedras fundamentais” ou comparecendo ate a aniversario de boneca, alem de ter nossos ouvidos transformados em penicos, onde esta galera travestida de “pais e mães da humanidade”, vão despejar todas asneiras de promessas e argumentos fantasiosos. Às vezes, ate da saudades daqueles “santinhos mudos”, que em outros tempos, ao menos, não agrediam os telespectadores, com tamanho desprezo ao bom senso.
Não custa lembrar, as baixarias que ilustram os ataques mútuos, revelando o nível de insolência de muitos candidatos, que sequer, deveriam ter suas candidaturas registradas. Ate ai, va la que seja, “em nome da democracia”, o castigo de suportar meses de campanhas e ainda ter de cumprir o doloroso dever de votar... escolhendo sempre, o que nos parece “menos pior”...
Ao nível em que as coisas andam, chego a imaginar que, o TRE deveria ser afastado da fiscalização do processo eleitoral, dando lugar ao IBAMA ou à Vigilância Sanitária, como alternativa de minimizar a “poluição ambiental” e “degradação” que agridem os seres humanos. Nos, os pobres coitados e desprotegidos eleitores, membros achincalhados dessa fauna política.
Mais pesaroso ainda, que suportar as maquinações midiaticas dos marqueteiros, é acompanhar inertes, a farra mirabolante com recursos públicos e privados, sob as formas cada vez mais corruptas de desvios e desperdícios, apelidados de “recursos não contabilizados” ou “doações fantasmas”. E são os próprios governantes que dão o tom da farra desvairada, quando deveriam primar pelo zelo e bons exemplos de parcimônia.
Recentemente, um governador deslocou-se com “pompas e circunstancias” para “inaugurar” (isso mesmo!) a recuperação asfaltica de um trecho de estrada com cerca de cinco quilometros; creio que “a comitiva” era maior que o trecho e, as despesas com a “festa e comícios”, devem ter ultrapassado em muito o custo da obra.
Nosso presidente e sua “sombra” candidata, moveu céus e terras, para inaugurar parte de um conjunto habitacional com 80 casas, numa cidade do interior; somados os custos da logística, segurança e outras despesas, daria para construir outro conjunto bem mais amplo... Mas, deu apenas, para uma breve crise de hipertensão...
Creio que em episódios dessa natureza, nem mesmo o IBAMA e a Vigilancia Sanitária resolveriam, porque já beira a um “caso de policia”. Mas, em nenhum dos casos, foi ao menos registrado um “B.O.”; o povão continua anestesiado, ou catatônico, e nem ao menos manifesta repulsa e indignação. Fazer o que? Já disseram que “cada povo, tem os governantes que merece”...
No nosso caso, a “maldição” vem de longas datas e não há perspectivas de mudanças positivas a curto prazo. Mas, que esta se tornando insuportável, isso ninguém pode negar.
Um ano eleitoral, que deveria representar um momento cívico de alto nível, ponto culminante da democracia na sua verdadeira essência, pautado por esperanças e promessas factíveis, acaba se convertendo em novo e terrível pesadelo, cujas mazelas e conseqüências, tornam nossos sonhos de um futuro melhor, reféns da impunidade, dos descalabros, da desmedida ambição de políticos venais e da corrupção desastrosa. Ate quando?

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