Por uma educação qualificada

La pelos idos de 1959, quando minha família mudou-se da nossa cidade natal, Jequié, e passou a residir em Campo Grande, então, a cidade mais importante de Mato Grosso e atual, capital do Mato Grosso do Sul, enfrentei grandes dificuldades de adaptação, para acompanhar o elevado nível de qualidade do curso ministrado no 3º ano do velho “curso primário”, no Colégio Dom Bosco.

Migrei do regime de ensino precário, nas escolinhas particulares do nível primário (apesar do reconhecido esforço e dedicação das antigas e atuais professoras primarias, que à custa de imensos sacrifícios mantinham e mantem estas escolas, sem convênios e ajudas estatais, comuns nos dias atuais), para um regime de disciplina, organização e qualidade primorosa, pautado nas diretrizes dos padres salesianos. O velho colégio Dom Bosco, evoluiu a ponto de agregar, já de algum tempo, um complexo universitário, as Faculdades Dom Bosco, de qualidade amplamente reconhecida.

Mais tarde, já retornado à nossa Bahia, experimentei novo impacto diferenciado, ao concluir o ginasial, em Jequié, e imediatamente ingressar no então “curso cientifico”, no tradicional e famoso, Colégio Maristas de Salvador (hoje, lamentavelmente desativado, por falta de apoio publico e dificuldades financeiras para enfrentar a desigual concorrência, dos limitados “cursinhos pré-vestibular”). Triste fim.

As maiores dificuldades enfrentadas, que afetam grandes contingentes da nossa população estudantil nas fases iniciais de sua formação, se deveram a diversidade metodológica e curricular, qualificação dos docentes, bibliografias adotadas, conteúdos programáticos diferentes, instalações, etc. Em ambos casos, dentre os problemas mais sérios: o não cumprimento de conteúdos programáticos, orientação insuficiente sobre vários assuntos, exercícios insuficientes e livros texto que nunca chegavam sequer, às ultimas paginas – assuntos inteiros, ficavam à deriva, sem ao menos ser mencionados durante os cursos. O problema existia, e persiste inalterado, agravando-se a cada ano.

Abordo o tema, após ler a manchete e texto no UOL: “Alunos cubanos são melhores que os brasileiros porque seus professores sabem mais, diz pesquisador dos EUA”. O tema da pesquisa, sintetizado no livro: “A vantagem acadêmica de Cuba”, identifica dentre outros, os seguintes problemas: qualificação dos docentes, envolvimento e comprometimento dos dirigentes de instituições de ensino, alta cobrança aos estudantes, relacionamento escola-familia, falta de padronização curricular e de rigor sobre o que deve ser ensinado, ambientes seguros e menos desiguais.

Não considero a priori, a educação cubana, como melhor “padrão ou modelo primoroso” a ser perseguido, porque evidentemente, em outros paises mais desenvolvidos, devem ocorrer situações e modelos mais avançados e eficientes. Mas, a situação econômica em Cuba, submetida a serias e conhecidas limitações (mais próxima da nossa), demonstra o quanto pode ser feito, mesmo com recursos escassos se convenientemente empregados e administrados – lá, professores não ganham fabulas, nem escolas nadam em dinheiro. Portanto, rechacemos de antemão, aquela velha ladainha da “falta de recursos”, muito repetida aqui, para “justificar” o descalabro educacional. Faltam sim, definição de prioridades e administração mais seria e honesta.

No Brasil, alunos e familiares convivem com escolas, onde quase nunca tem a oportunidade de conhecer o dirigente. Os currículos e conteúdos programáticos, variam de uma sala de aula para outra, na mesma escola. Bibliografias adotadas, chegam ao cumulo de conter “tirinhas pornográficas do Chico Bento...”. Institucionalizou-se a pratica do “passe-livre”... ou seja, os alunos tem que ser aprovados do jeito que der. Se o professor reprova alguns, por deficiências de toda ordem, deve ser taxado de “imbecil e ignorante...”. pela comunidade. Ate quando? – Paulo Mendes – Economista.

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