Ilustres desconhecidos
As continuadas crises políticas que abalam o Congresso brasileiro (Senado e Câmara), por conta da sucessão de casos escabrosos envolvendo personagens daquelas instituições e suas parcerias com o Poder Executivo, demonstram, o quanto desconhecemos da verdadeira personalidade e caráter dos politicos protagonistas ou coadjuvantes.
Sem duvida, episódios de corrupção, nepotismo, atos secretos, alianças espúrias, negociatas, barganhas, não nasceram nas recentes legislaturas, nem constituem inovação do atual governo. Datam de períodos remotos e se repetem ou se transmudam, ao longo do tempo, com pequenas nuances de variação, como se fossem inerentes à “cultura política brasileira”.
Por isso, não nos surpreende a divulgação de escandalosas situações, ora em pauta na mídia cotidiana. Embora não possamos atribuir a pecha de “regra geral”, porque havemos de admitir espaço às honrosas exceções, no cenário atual, não podemos deixar de reconhecer o grau elevado de comprometimento dos fins republicanos das instituições, solapados pelas ações de figuras de proa.
Pior: a constatação de convivência acumpliciada, de poderes paralelos, operados por verdadeiros Rasputins e Richelieus, agindo nos bastidores de cada uma das casas legislativas, à revelia dos princípios da moralidade e transparência, indissociáveis na administração publica.
Causa espécie, pelo significado ideológico e moral, a postura dos atuais detentores do poder, outrora aguerridos “pregadores da moralidade”, e que de repente, por circunstancias inusitadas ou interesses escusos, transformaram-se em “ilustres desconhecidos”, a ponto de se questionar: “Será que foi realmente nesses fulanos que votamos, na esperança de mudar as coisas, e reverter o quadro?”
O conjunto atual de casos envolvendo o senado, é emblemático. A postura do dirigente-mor (que no passado chegou a bradar desafios, sugerindo “mais de 300 picaretas no Congresso”), mesmo afiançado por elevada popularidade, e seu partido político, afiguram-se como reféns de circunstancias. E não é difícil identificar as razões: trombar de frente com a direção das casas legislativas, hoje sob a égide do fisiologismo de um partido que compõe a base aliada, significaria comprometer o projeto político traçado para as eleições de 2.010. A sociedade perplexa, vê suas bandeiras de transformação do Pais numa nação prospera e liberta das amarras da politicalha, abandonadas ao leu.
Repetem-se na situação atual, a generosidade e afagos, dispensados aos próceres atores de episódios anteriores, como o mensalão, dólares em cuecas e coisas que tais. Diante evidencias, recorre-se ao linguajar rasteiro e dissimulado, que já converteu desvios e lavagens de dinheiros, em “recursos não contabilizados”, mensalões em “invenção da mídia”, ou fez turvar e obscurecer praticas outras escandalosas, à base do “não vi, não ouvi, não sei de nada”. E provavelmente, diante da fraude contra o principio da publicidade e transparencia no congresso, vão atribuir a culpa a algum auxiliar administrativo que “esqueceu de levar textos à publicação...”. Por muito menos, já crucificaram um caseiro...
Institucionaliza-se a impunidade, em nome de uma suposta “governabilidade”, a qual, paradoxalmente, coloca em xeque a legitimidade do governo, ante as expectativas da sociedade. Compromete-se a necessidade de reformas políticas, com o imediatismo e interesses de projetos político-partidarios. Submete-se a democracia, à “subcondição relativa”, mais próxima de um totalitarismo que subverte verdades, em prol de conveniências de ocasião. A casa dos representantes do povo, nos lembra o ambiente bíblico de vendilhões do templo. Mas nos falta um “Jesus” para expulsa-los.
Paulo Mendes – Economista.
Sem duvida, episódios de corrupção, nepotismo, atos secretos, alianças espúrias, negociatas, barganhas, não nasceram nas recentes legislaturas, nem constituem inovação do atual governo. Datam de períodos remotos e se repetem ou se transmudam, ao longo do tempo, com pequenas nuances de variação, como se fossem inerentes à “cultura política brasileira”.
Por isso, não nos surpreende a divulgação de escandalosas situações, ora em pauta na mídia cotidiana. Embora não possamos atribuir a pecha de “regra geral”, porque havemos de admitir espaço às honrosas exceções, no cenário atual, não podemos deixar de reconhecer o grau elevado de comprometimento dos fins republicanos das instituições, solapados pelas ações de figuras de proa.
Pior: a constatação de convivência acumpliciada, de poderes paralelos, operados por verdadeiros Rasputins e Richelieus, agindo nos bastidores de cada uma das casas legislativas, à revelia dos princípios da moralidade e transparência, indissociáveis na administração publica.
Causa espécie, pelo significado ideológico e moral, a postura dos atuais detentores do poder, outrora aguerridos “pregadores da moralidade”, e que de repente, por circunstancias inusitadas ou interesses escusos, transformaram-se em “ilustres desconhecidos”, a ponto de se questionar: “Será que foi realmente nesses fulanos que votamos, na esperança de mudar as coisas, e reverter o quadro?”
O conjunto atual de casos envolvendo o senado, é emblemático. A postura do dirigente-mor (que no passado chegou a bradar desafios, sugerindo “mais de 300 picaretas no Congresso”), mesmo afiançado por elevada popularidade, e seu partido político, afiguram-se como reféns de circunstancias. E não é difícil identificar as razões: trombar de frente com a direção das casas legislativas, hoje sob a égide do fisiologismo de um partido que compõe a base aliada, significaria comprometer o projeto político traçado para as eleições de 2.010. A sociedade perplexa, vê suas bandeiras de transformação do Pais numa nação prospera e liberta das amarras da politicalha, abandonadas ao leu.
Repetem-se na situação atual, a generosidade e afagos, dispensados aos próceres atores de episódios anteriores, como o mensalão, dólares em cuecas e coisas que tais. Diante evidencias, recorre-se ao linguajar rasteiro e dissimulado, que já converteu desvios e lavagens de dinheiros, em “recursos não contabilizados”, mensalões em “invenção da mídia”, ou fez turvar e obscurecer praticas outras escandalosas, à base do “não vi, não ouvi, não sei de nada”. E provavelmente, diante da fraude contra o principio da publicidade e transparencia no congresso, vão atribuir a culpa a algum auxiliar administrativo que “esqueceu de levar textos à publicação...”. Por muito menos, já crucificaram um caseiro...
Institucionaliza-se a impunidade, em nome de uma suposta “governabilidade”, a qual, paradoxalmente, coloca em xeque a legitimidade do governo, ante as expectativas da sociedade. Compromete-se a necessidade de reformas políticas, com o imediatismo e interesses de projetos político-partidarios. Submete-se a democracia, à “subcondição relativa”, mais próxima de um totalitarismo que subverte verdades, em prol de conveniências de ocasião. A casa dos representantes do povo, nos lembra o ambiente bíblico de vendilhões do templo. Mas nos falta um “Jesus” para expulsa-los.
Paulo Mendes – Economista.
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