Novos rumos ?

Neste espaço, tenho reiteradamente criticado as políticas monetária e fiscal do governo. Não apenas do governo que ai esta, enveredando pelo sétimo ano, sem apresentar nada de novo ou eficaz, em termos de mudanças estruturais nos dois campos. Mas, também dos antecessores recentes que, sustentaram políticas distorcidas e também foram objeto de criticas. De um lado, pela manutenção de taxas de juros estratosféricas, a inibir iniciativas de investimentos produtivos. De outro, pelo peso insuportável que tem representado a carga tributaria, principalmente em setores de atividades, carentes de incentivos.

Uma das resultantes negativas, fica estampada ao avaliarmos o desempenho comparativo de nossa economia. Nos recentes períodos de maior prosperidade e crescimento observados na maioria dos paises, o Brasil amargou níveis de crescimento pífios, não conseguindo aproveitar adequadamente as oportunidades que lhe foram franqueadas, pela economia global. A partir da deflagração no ano passado, da mais grave crise que já abalou a economia mundial, embora nossos dirigentes acenassem com avaliações equivocadas e ate, irresponsavelmente debochadas, tentando transmitir uma idéia de suposta “blindagem” da nossa economia, os resultados já apurados, denotam que o Brasil, foi um dos mais atingidos pela onda negativa, desmentindo de forma pratica, a galhofa, prepotência e cinismo, com que trataram questões tão serias.

Por isso, devemos vislumbrar perspectivas menos traumáticas, diante o anuncio de uma segunda queda acentuada na taxa SELIC, nesta semana. Apesar de uma reação tardia, ainda não é suficiente, mas serve ao menos, para “dourar a pílula”. Demonstra que não houve uma compreensão adequada das dimensões dos problemas, quando a crise ainda se desenhava no plano externo e, ausência de medidas coerentes. Ou seja, faltou-lhes um plano bem estruturado. Como também faltou um plano bem estruturado, para substituir ou corrigir a tão decantada “herança maldita”, supostamente recepcionada dos antecessores. A qual, foi simplesmente transplantada para o primeiro governo e, vinha sendo mantida no segundo, na base do “deixa como esta, para ver como é que fica”.

O discurso populista, esganiçado e ilusorio, não passava de jogo de cena. Por conta disso, levamos alguns “sustos” inexplicados: o crescimento fantástico do lucro do BB, maior e principal banco oficial, em plena crise; a preocupante queda nos níveis de emprego; o desabamento do ritmo da produção industrial; o forte golpe negativo no desempenho do PIB no quarto trimestre de 2.008 e, mais uma vez fomos “brindados” pela incoerência, ao contemplar a expansão de 58% no lucro da Petrobras, também no auge da crise. Segundo dados divulgados, a produção de óleo e gás, cresceu 5% no ano anterior; o lucro, cresceu 11,6 vezes mais.

Entendem agora, porque os preços dos combustíveis deveriam cair, com o desabamento dos preços do petróleo no mercado internacional ? A titulo de exemplo, os consumidores nos EUA, pagaram ate mais de US$4,00 por um galão de gasolina, no pico dos preços do barril de petróleo; após a queda abaixo de US$40,00, o galão chegou a US$1,30... Mas, estranhamente, no Brasil, foram ate levemente reajustados...

Explica-se: o governo não tem o menor interesse em ver reduzidos os preços dos combustíveis e derivados, insumos basicos em áreas produtivas e de serviços, porque sobre estes, incide uma carga tributaria próxima de 50%. Ou seja: o governo é sócio do “negocio petróleo e derivados”, não só como acionista; mas, principalmente, como arrecadador de tributos. Se os preços caem, a receita também cai, e daí, como manter a farra dos gastos governamentais, neles incluídos por apropriações indébitas, as diárias fantasmas, os castelos, as mansões, os mensalões, os recursos não contabilizados, etc ?

A popularidade, vai bem. O povo, que se dane e se cuide da dengue...

Paulo Mendes – Economista.

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