A advogada e o caseiro

O recente episódio de uma advogada brasileira, supostamente vitimada por agressões na Suíça, me faz recordar o caso absurdo do caseiro Francenildo Costa, aquele que denunciou importantes autoridades nacionais de práticas suspeitas, numa certa casa em Brasília. Dois casos tão distintos, mas que trazem à baila o desequilíbrio das ações governamentais diante situações extremadas.

No caso recente, o presidente e ministros da área externa, não resistiram ao vício de aproveitar “oportunidades”, para incriminar e transferir a terceiros (no caso, os suíços), a responsabilidade pelas mazelas de que são vítimas os nossos patrícios. Cometeram o erro técnico da irresponsabilidade e do arroubo, ao transformar um caso ainda incipiente, nebuloso e não investigado, numa suposta “tragédia”, oportunidade ímpar, para escancarar a demagogia mais populista. Suas declarações intempestivas, estão sendo objeto de escárnio e críticas contundentes, pela mídia européia, após os primeiros sinais de um fiasco, que muito se aproxima de uma deplorável farsa perpetrada por razões difusas.

Mas, a essa altura, o governo brasileiro já foi submetido ao ridículo, e recolhe-se ao silêncio tumular, na desfaçatez costumeira.

No caso do Francenildo, um cidadão brasileiro, em seu próprio território, foi vítima de uma verdadeira armação terrorista, perpetrada por funcionarios governamentais, com objetivo explicito de incriminar um inocente. Passou por dissabores de toda ordem, que atingiram ate sua origem familiar, devassada e tripudiada, numa agressão ao indivíduo, naquilo que lhe era mais recôndito.

Chegou-se a simular uma versão fantasiosa, “documentada” falsamente por informações que deveriam ser objeto de sigilo bancário. Os direitos, lhe foram deserdados, sob o tacão da mais insidiosa agressão à individualidade. Tudo acobertado pelo manto sombrio da impunidade, ate então.

Caberiam aqui dois questionamentos: um governo, que trata seus cidadãos com tamanha violência, teria moral para questionar um suposto tratamento agressivo, sofrido por uma cidadã em outro país ? E, se numa segunda hipótese pouco provável a essa altura, a cidadã fosse realmente alvo de um crime, de “natureza política”, pelas características estampadas, não seria o caso de também o governo reconhecer “perdão” aos supostos autores, como também adotou no caso de um extremista italiano, hoje sob a nossa “soberana” proteção ? A “honrosa” proteção do “PAC” brasileiro, curiosamente, por uma dessas coincidências estranhas, a mesma sigla do grupo terrorista armado ao qual, pertencia o italiano (PAC – Proletários Armados pelo Comunismo)...

Pesos e medidas diferenciados, leis e principios manipulados a depender das circunstâncias, dos interesses e dos resultados midiáticos.

Enquanto isso, um cidadão brasileiro foi assassinado e canibalizado por tutelados de um órgão federal. Uma simples partida de futebol, converte-se num conflito de proporções deploráveis. As manchetes dos jornais e revistas, são povoadas de episódios lastimáveis. Grupos de criminosos super armados e bem equipados, dominam redutos em nossas principais cidades. E as balas perdidas, continuam a zunir à nossa volta. A vida, a dignidade, e a segurança dos cidadãos, pouco importam. Podem ser atingidos, ameaçados, violentados à revelia e em profusão no nosso dia a dia.

O nosso PAC, no que concerne à segurança, revela o imobilismo do governo, que quase nada faz para evitar que nossos cidadãos sejam alvo aleatório de toda forma de violência. Nada de preservação confiável.

Contanto que, não atinjam a popularidade de sua excelência, o dirigente maior.

Paulo Mendes – Economista.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Galileu, Abraão e Doenitz.

“Graveto derruba panela...”

Eleição “assobrejetica e camaleosa...”